Uma Lição Ecológica das Abelhas

Por: Eduardo Lage Leite

Todos sabem que de algum modo há uma conectividade entre tudo o que existe. No âmbito ontológico dos arquétipos, que é o plano ou nível das “causas”, entende-se que conceitos como divindade, natureza e cultura humana são diferentes aspectos de um todo universal. E é justamente por ser assim que nós podemos fazer analogias, deduções lógicas, descobrir semelhanças, sentir empatia e usarmos de linguagens metafóricas no nosso entendimento do mundo, da vida e da realidade. 

Em meu ofício de apicultor e apiterapeuta, ao lidar com as abelhas sempre me vem à mente a capacidade destes incríveis seres alados, de produzir substâncias tão especiais como o mel, a própolis, o pólen, a geleia real, a cera, a apitoxina e sendo elas próprias um produto exclusivo da homeopatia, o medicamento Apis Melífera utilizado em diversas dinamizações.

Já de início pode-se ver que esses produtos apícolas correspondem a uma escala setenária, assim como as sete cores fundamentais em que a luz branca se divide no prisma (as mesmas do arco-íris), as sete notas da escala musical, os sete dias da semana. Enfim todas as múltiplas associações cabalísticas do “grande setenário que abarca o universo”.

Enfim, todas as múltiplas associações cabalísticas do ¨grande setenário que abarca o universo” igualmente interessante, para não dizer espetacular, são as múltiplas relações desses insetos sociais com o meio ambiente e suas interações na cultura humana, que vão desde símbolos heráldicos ligados ao saber, à nobreza de caráter e ao rigor científico e intelectual, até a polinização cruzada que permite a produção agrícola, os alimentos funcionais, medicamentos, sem falar em esquemas organizacionais que elas ensinam aos administradores.

Podemos citar ainda princípios de higiene e profilaxia que fornecem modelos de sanitarismo e vigilância epidemiológica, bem como cânones estruturais de aproveitamento dos espaços que inspiram arquitetos, engenheiros e urbanistas.

O doce mel que agrada ao paladar e nos dá energia instantânea, o pólen que nutre de modo completo (pois contém todos os aminoácidos, vitaminas, minerais e enzimas que o corpo humano necessita), a geléia real que otimiza as funções vitais e a própolis que cura, protege a fortalece as defesas naturais do organismo estão bem resguardadas na colmeia em que aproximadamente mais de 50.000 indivíduos se defendem com seus ferrões capazes de injetar uma toxina 100 vezes mais letal do que o veneno da cobra cascavel.

O veneno mortal das abelhas também cura, pois a apitoxina possui inúmeras aplicações medicinais e é desse modo ainda que podemos inferir mais uma grande lição filosófica que as abelhas nos ensinam.

Reconhecendo a dialética da polaridade que se expressa no símbolo milenar do Yin Yang, demonstrando sempre a mesma questão básica da vida, ou seja, a experimentação que todas as criaturas devem vivenciar por si mesmas, e no qual o poeta da MPB tão bem expressou naquele refrão ao cantar “que cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é a saber: vida uma”.

Manifestada em diversidade infinita, que como lei universal de indiscutível harmonia, regula a evolução do Cosmo, nutrindo com o mesmo Amor-Sabedoria desde a menor partícula subatômica até o cérebro dos homens que discernem longínquas galáxias anos-luz distantes de nós.

Só para lembrar: é disso que fazemos parte. E é isso, mais do que qualquer outra coisa, o que nós somos em Essência, você, eu e tudo mais.

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